Há algo que me intriga!! Como é possível que o Squirt seja, nos dias de hoje, assunto tabu para muitos, e até desconhecido para outros, dado que existem referências ancestrais à ejaculação feminina?!
Um texto taoísta do século IV, “Instruções Secretas sobre a Câmara de Jade”, faz distinção entre “vagina escorregadia” e “genitais que transmitem fluídos”, estes últimos crê-se que se referem à ejaculação feminina.
Kunyaza é uma técnica milenar de estimulação sexual da vulva, também conhecida por outras nomenclaturas, praticada e difundida em boa parte do continente africano. Consiste em movimentos circulares, feitos pelos parceiros, utilizando pénis, dedos ou lábios, de modo a proporcionar orgasmo e ejaculação feminina. Nestas culturas a ejaculação feminina é conhecida como águas sagradas, que jorram das vulvas.
Águas essas libertadas durante a relação sexual, vistas até de forma espiritual como responsáveis pela vida do planeta, que abastecem rios, lagos e mares. É um tema falado entres mais velhos e mais novos. Recomendo verem o documentário Sacred Water de Olivier Jordain.
No Uganda, Kachapati, que significa “esguichar a parede”, é o nome que o povo Batoro dá à ejaculação feminina. Nesta tradição bem antiga, as jovens passam por um ritual em que as mulheres mais velhas ensinam a ejacular.
No Japão é chamada de Shiofuki, palavra que descreve o orifício no alto da cabeça das baleias pelo qual expelem água.
E eis que acontecem, e sempre aconteceram, coisas maravilhosas nas vulvas desta vida.
O Squirt voltou às bocas do povo ocidental, muito a partir da pornografia. Sabiam que alguns desses squirts são falsos? Ah pois é!! Devido à grande procura de porno squirt, são usados alguns truques para simular essas enchorradas de águas. Ou bebendo copiosas quantidades de água juntamente com electrólitos antes das filmagens, ou parando takes para encher de água os pipis, que já treinaram muito bem a sua musculatura para libertarem líquido na hora H.
Até bem recentemente, pesquisadores e leigos usavam o termo “ejaculação feminina” para se referirem a qualquer fluído da vulva. No entanto, já se concluiu que não são exactamente o mesmo.
Estudos revelam que há diferenças entre squirt, ejaculação feminina e incontinência sexual.
Todos os três fenómenos envolvem fluídos vindos da bexiga durante o sexo.
O Squirt é a expulsão involuntária de grandes quantidades de líquido durante estimulação sexual, podendo acontecer com ou sem orgasmo. Há os que defendem que o líquido é simplesmente urina, e há os que defendem que se trata de um líquido mais aquoso e incolor que contém componentes de urina.
Já a ejaculação feminina é a libertação de secreções a partir das glândulas de Skene – duas pequenas glândulas que se abrem em cada lado da saída da uretra – também durante momentos de excitação ou orgasmo. Falamos da expulsão de uma pequena quantidade de líquido, cuja composição é semelhante ao que a próstata masculina produz. Não é por acaso que as glândulas de Skene são também conhecidas como próstata feminina.
E por último, incontinência sexual é a perda de controlo de urinar durante o sexo.
Há ainda, quem veja que os primeiros dois como fazendo parte do Squirt.
Mas espera aí!! Falaste há pouco em próstata feminina? Como assim, don@s de vulva têm próstata?
Chamado de complexo clitoro-uretro-vaginal, mais conhecido como ponto G, é a zona que se localiza logo na entrada da vagina, do lado interior do clitóris, com uma textura rogosa e esponjosa, onde logo a cima fica a uretra, as glândulas de Skene e a raiz do clitóris. Vamos lá explorar isso!!
E querem vocês saber então… como squirtar*?? Bora lá.
- Apostar no uso de toalhas, resguardo ou mantas. Uma vez que as coisas podem ficar bastante molhadas, pode ser prático e até mais relaxado controlar a bagunça que poderá ocorrer.
2. Relaxar, relaxar, relaxar. Regra de ouro, é preciso relaxar para squirtar*. Dado que se trata de uma reação involuntária, devemos permitir que a musculatura pélvica relaxe.
3. Tempo e paciência. Sejam pacientes e não desistam. Da mesma forma que existem diferentes vulvas, os seus próprios comportamentos e respostas a estímulos são diferentes. Há quem tenha muita facilidade em squirtar*, e há quem tenha mais dificuldade. E entendam que o squirt depende de muita estimulação, e é mais propício que aconteça em longas sessões de sexo e/ou masturbação.
4. Começa por estimular o clitóris. Uma boa estimulação irá provocar uma boa irrigação sanguínea, e deixar a zona do clitóris e ponto G prontinha para a acção.
5. Brinquedos como aliados. Após uma boa estimulação da zona no clitóris, bora passar para a parte interior, e massajar bem a zona do ponto G. Uma vez que é necessária uma certa pressão para levar à ejaculação, e tratando-se de uma zona curva, o uso de determinados sex toys com formas apropriadas e funcionalidades (ex. vibração) facilita bastante a estimulação desta zona. Claro está que, com parceir@, o mesmo pode ser feito com dedos, e pénis. Mas quando se trata de explorar algo que ainda é novo, os sex toys são ótimos facilitadores. E a partir daqui pode haver um jogo de estimulação intercalada, ora estimula a zona interior, ora estimula a zona exterior. Um bom lubrificante é também excelente para evitar irritações e deslizar melhor.
6. Vontade de fazer xixi é normal. Quantas vezes deram conta que estão a apertar para não fazerem xixi durante a relação sexual? Essa sensação é muitas vezes provocada pelo fluido vindo das glândulas de Skene. Por descargo de consciência e para que te sintas confortável, faz um xixi antes de começar a rambóia.
7. Ser compassiv@. Não ter sucesso imediato não deve ser inibidor. É perfeitamente normal. E mesmo que nunca se chegue ao squirt, certamente esta exploração irá trazer muitas sensações novas e boas descobertas na tua vida sexual.
8. O prazer da vulva em primeiro lugar. Squirtar*, é acima de tudo, uma descoberta de prazer e corporal para satisfazer a pessoa possuidora de vulva. Que seja um momento de partilha, prazer e descoberta conjunta, porreiro!! Mas nunca um momento de pressão.
Espero que tenham gostado. Partilhem as vossas experiências e questões. E bora squirtar* para a frente.
* Squirtar – termo que não existe na língua portuguesa, que uso em vez do squirting, e que espero um dia se torne oficial por ser commumente usado.
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